Considerações Sobre Uma Guerra que a Educação não Permitiu

Hoje tive uma aula dos trabalhos dos meus colegas de turma sobre Os Sertões (sim, eu faço aula na letras) e os trabalhos enfocaram principalmente em como todas as pessoas favoráveis aos pensamentos da “república” e contra Canudos não passavam apenas de meros ignorantes que “não se deram nem ao trabalho de ir lá ver o que tava acontecendo!”

A minha vontade na hora, como chati que sou, foi de replicar...”Bom, você também não se deu ao trabalho de ver porque essas pessoas estavam pensando isso!”.
Acho tudo isso muito hipócrita!

Ninguém lembra de pensar que a ideologia da República trazia uma liberdade dupla, as pessoas seriam livres pra escolher quem as governaria, e até que tipo de governo seria e tb teriam a liberdade de escolher sua religião. Se hoje o santo daime pode usar suas drogas, se a macumba pode ser feita em qq terreiro, por qq pessoa isso é fruto desse pensamento novo!

E de repente vem alguém e tenta tirar tudo isso de vc, diz que o Deus que ele acha certo deve comandar seu pensamento e que somente a religião, AQUELA religião é que deve prevalecer! E que toda a sua ideologia de liberdade, de responsabilidade individual deve ser trocada pela cega obediência a um certo regime, porque aqui, não se passa fome! Querendo ou não, era assim que o Conselheiro agia.

Eu sinto muito, mas barganhar com comida seja, pra que propósito for, é vergonhoso. Eu questiono o Conselheiro e sua construção da Igreja, considerando que ele tirava dos pobres, seus parcos bens em troca de uma promessa de mar... (reticências com licença emprestada de Euclides).

Se havia pregadores a favor da República, Conselheiro pregava contra. Ao meu ver, se um pregador vai ser massacrado, o outro também deve ser, porque ambos pregam sem se dar ao trabalho de avaliar a outra situação. Em nenhuma história, infelizmente, existe mocinho e também, infelizmente, não existe bandido.

A única coisa que digo é que não gostaria de ver minhas idéias tão duramente massacradas por pessoas, cem anos depois, que não se dão nem ao trabalho de tentar entender como cheguei àquela conclusão. Se Machado de Assis conseguia ver tudo com a cautela merecida, sem proferir opiniões seja de que lado for, por mera sapiência...

UMA GRANDE OLA PARA MACHADÃO!