Sunday, July 21, 2013

Blancanieves - sem palavras!


Pra uma inveterada fã de filmes mudos ainda é muito estranho me acostumar com essa onda de filmes mudos atuais, digo onda porque agora com Blancanieves já são dois…
E against all the odds sabe que eu estou gostando. Os filmes mudos sempre me encantaram pela expressão da incrível competência das pessoas que se envolviam. Quando penso em Melies e todas aquelas imagens, em 3 horas de Griffth, no medo de todo o expressionismo alemão, é impossível não pensar pra onde foi toda essa inteligência? Nunca houve necessidade de falar, o que precisa é a vontade de compreender. 
Ouso até dizer que a fala estragou o cinema (o que pra mim, uma proprietária de uma vasta coleção de musicais, chega a ser irônico). O cinema mudo traz a graça dos livros, de ter uma parte da história que é exclusivamente sua. Quando se une a imagem com a palavra o que sobra para o telespectador? Muito pouco. Apenas o que é de intenção do autor de deixar, e como diria a pequena sereia… - “Isso é pouco, quero mais!”
Os anos se passaram e deixamos de ter o direito até daquelas coisas que os cineastas faziam questão de deixar implícito, ao menos um gostinho de exclusividade! Ainda amo o cinema e principalmente alguns em especial, mas de verdade achei que tinham desaprendido a se fazer entender. Sem demérito, sem críticas, somente um suspiro lamentoso pelo passado. 
Mas qual não é minha surpresa quando Michel Hazanavicius e Pablo Berger conseguem o inimaginável, conseguem com extrema maestria resgatar essa beleza do cinema mudo. Blancanieves tem uma trilha sonora impecável, com uma trama absolutamente complexa, o uso de recursos modernos que tiram um pouco aquele estigma de coisa velha.
Hoje fui no cinema e sem ouvir uma palavra, ri, chorei e arregalei os olhos no final! Pra fechar com chave de ouro só faltou o pianinho na sala!!!