Wednesday, July 26, 2006

Newton e o problema das maçãs

Tá, depois de uma voltinha no limbo resolvi escrever, é que no momento estou lendo um livro que realmente está conseguindo me irritar. O livro se propõe a explicar porque as civilizações se transformaram no que são hoje e tenta justificar da maneira mais infantil possível que todos nós somos iguais e faríamos coisas iguais se tivessemos sido apresentado à mesma oportunidade, BULLSHIT.

Tentar me convencer de que se não fosse a macieira Newton nunca teria descoberto a gravidade é inútil. Até posso concordar que se ele estivesse sob um pé de jaca, poderia não ter descoberto nada mesmo (a não ser o estado de inconsciencia) mas se não fosse Newton nada teria acontecido. Vê-se por Eva que em vez de descobrir a gravidade descobriu a sacanagem... (ai que piada infame). Continuando...

Cada linha desse livro tentando justificar um desenvolvimento tecnológico atrasado nas Américas me provoca asco. Porque para serem bons o suficiente, para que não pensemos mal dos nativos daqui é preciso dar a eles, nem que seja lá no fim do túnel alguma coisa que os igualassem aos europeus. Coitados deles, se não fosse essa terra inócua, com seus cereais não domesticáveis, seus mamíferos agressivos eles teriam se desenvolvido igualzinho aos belos e inteligentes europeus. BULLSHIT

Meus Deus vir da África até aqui a pé is not enough? Na genética existe uma coisa chamada deriva genética, que prega que numa migração o pool genético que formará a nova população não será o mesmo que será selecionado por outros motivos no local da onde essa população saiu!! Na verdade é um pouco mais complicado que isso, mas basicamente diz que numa ilha de cãezinhos dálmatas, labradores e pastores se saírem da ilha apenas os pastores, ao contrário da primeira ilha, nesta segunda não haverá cães com pintinhas. A moral da história é que os grupos que formaram nossas raízes eram diferentes daqueles que ficaram, e se desenvolveram de forma diferente.

Sei que existiu agricultura e domesticação aqui, não estou dizendo que não, só não foi tão bem sucedida quanto a que começou na mesopotâmia. E quando digo bem sucedida me refiro a atual situação do globo, de dominantes e dominados, não discuto aqui se isso é justo, se é a melhor forma e nem se vamos destruir o planeta. Mas o fato é que europeus saíram de lá, atravessaram o oceano e foram bem sucedidos em ocupar essa terra e matar 90% dos nativos aqui existentes. Como quando os nativos saíram da Europa chegaram aqui, mataram TODOS os grandes mamíferos e ocuparam essa terra.

Acontece que para uma idéia dar certo é preciso duas outras condições tão importantes quanto a própria idéia. O timming e a população que irá recepcioná-la (aí entra a deriva! ). Pense se Einstein tivesse demorado mais uns 15 anos pra pensar o que pensou, na segunda guerra não haveria bomba, e agora poderíamos estar chamando os japs de porcos capitalistas em vez dos americanos (do norte hauhauhahau). Mais uma vez, não estou aqui pra discutir se a bomba foi boa ou não foi...blá blá blá, isso é outro papo. Nosso querido gênio é um exemplo de TIMMING. Agora, quanto a população que recebe a notícia, esse é outro problema, basta pensar em Santos Dummont e lembrar que não somos exportadores de tecnologia aérea e que na verdade ele ter voado a primeira vez não faz a menor diferença, já que não soubemos aproveitar o feito. Lembro que a mesma coisa aconteceu com o coitado do Mendel, que esperou 100 anos pra alguém dar importância pro que ele fez, e agora vejam só, deve ter até ervilha transgênica.

Moral da história, não bastava um uga-uga dizer que aquela semente que caiu no chão virou uma plantinha, ele ainda teria que convencer os outros uga-ugas e lembrar disso na próxima primavera. Achar que a história teria sido a mesma com qualquer grupo que ocupasse qualquer lugar me soa muito politicamente correto, mas desculpe, nem um pouco real.

É isso aí e vive la différence!!

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Sei lá Tatiana, as atitudes das pessoas dependem muito: se a pessoa é esforçada ou não, tem senso crítico ou não, toma iniciativa ou não (depende também de condições externas e temporais eu acho...). Se existem genes pra tudo isso eu não sei mas que esses fatores podem ser trabalhados e aperfeiçoados, isso sim pode.
Não acho totalmente loucura o que está escrito no seu livro pois somos em grande parte produtos do meio em que vivemos. Nós somos frutos do que há ao redor. Duas pessoas diferentes tomarem atitudes iguais sempre, em diversas situações, quaisquer que sejam, é impossível pois é impossível duas pessoas terem passado pelas mesmas coisas durante toda a vida (mas se tivessem passado, com condições temporais e fatores externos iguais...??? e agora José? hehe).
A questão é que não existem duas pessoas iguais, quanto menos dois povos iguais.
Você que estuda genética pode dizer melhor: Será que nossas atitudes são 100% definidas pela influência do meio, da condição social, etc? Não há um pouquinho de genética definindo nosso comportamento? E se tiver, será que essa parte genética é relevante?
Mais do que isso não posso dizer. Gostaria de saber um pouco mais a respeito. Por enquanto tenho embasamento na ciência da "achologia". Quem sabe o tempo não nos ajuda a responder algumas coisas.
Mas é fato, o tal do convencimento e do Timming é uma realidade. E que as atitudes não diferentes são pois são condições diferentes. Não é qualquer povo que tomaria a mesma atitude, só se tivesse passado exatamente pelas mesmas coisas durante toda a vida (e daí ainda vem a minha dúvida da influência da genética).

Até mais e tenha uma boa semana.

30 July, 2006 17:51  
Blogger Unknown said...

Então Marcel, na verdade a questão é essa mesma, não acho que o livro seja uma balela total, não acho que tenha dito isso. mas penso que não é só isso, não acredito em um fator apenas, acredito em vários fatores, se as pessoas são diferentes é por vários fatores, genéticos, sociais, alimentícios, meio físico... Nem tudo está nos genes, e nem tudo está fora deles. essa é a questão.

um grande abraço,
Tati.

31 July, 2006 10:09  

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